segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

QUESTÃO DE IDENTIDADE

O apóstolo Marcos em seus escritos, diz a respeito de Mateus que : “Jesus viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria...” (Marcos 2.14)

Já o apóstolo Lucas, em seu relato, diz de Jesus: “...depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi...”, (Lucas 5.27)

Enquanto isto, em Mateus 9.9, diz que Jesus: “...passando... viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus”

Encontramos nessas passagens mais uma confirmação de que quando duas ou mais pessoas descrevem algum acontecimento, ou um personagem, cada um o faz de acordo com a sua percepção, e influência cultural e social.

Analisando as passagens acima e observando cuidadosamente, percebe-se que apesar das diferentes formas de narrativas para o mesmo fato, todas convergem em direção a uma verdade absoluta, a de que Deus usou e continua usando a diversidade social e cultural com suas particularidades regionais para revelar seus propósitos.

O que então encontramos aqui?

Quais os ensinamentos?

Encontramos pequenas diferenças cheias de significados!

Marcos nos apresenta o acontecimento dizendo que: “...Jesus viu Levi, filho de Alfeu,...”.

Ele nos conta quem era o pai de Mateus.

Isto evidencia que seu pai era alguém bastante conhecido e honrado na comunidade, a ponto de servir de referência para descrever e identificar quem era Mateus.

Isto é importante?

Sim!

Pois todos nós devemos muito aos nossos pais. Deles herdamos características físicas, foram eles quem nos criaram, nos passaram conceitos éticos e morais, os quais nos levam a erros e acertos em nossa caminhada.

Quantos de nós já não fomos abordados por alguém com a pergunta: - Você não é filho de “fulano de tal?”

Já Lucas, mostra através de sua maneira de perceber e relatar os fatos, qual era a ocupação diária de Mateus (...viu um publicano chamado Levi...). E disse mais, que “...deixando tudo, levantou-se e o seguiu.”

Isto também é importante?

Sim!

Porque o ambiente de nosso trabalho revela muito daquilo que somos, ou daquilo que os outros pensam a nosso respeito.

No caso de Mateus, um “publicano”, isso não era muito favorável. Publicano era o nome dado aos coletores de impostos nas províncias do Império Romano, os quais eram conhecidos pelas suas extorsões, como verdadeiros ladrões “legalizados.

Os publicanos eram detestados pelos judeus e muitas das vezes envolviam-se em corrupção cobrando das pessoas além do que era devido.

Já quando nos deparamos com a mesma história, contada em Mateus, lemos: “ Jesus viu um homem”. Sim, foi um homem que ele chamou, não o filho de outro homem, nem o funcionário de algum governo, mas um homem!

Quando observamos o relato da conversão de Mateus e o colocamos lado a lado com os outros evangelistas, observamos que a renúncia é uma de suas marcas mais significativas, diferenciando-o dos demais.

Lucas, como médico, não precisou abandonar sua carreira, mas certamente perdeu muitos dos seus grandes clientes por passar a se dedicar também aos mais necessitados.

Sua ocupação o aproximava mais ainda das pessoas que iam buscar através de seu Dom natural uma cura para o corpo.

Ele porém, não perdia a oportunidade para lhes apresentar também a cura para o espírito, anunciando o salvador.

Pedro e João eram pescadores, e continuaram a sair com seus barcos, e assim, entre uma pescaria e outra, “jogavam a rede que trazia à vida todos os que nela se prendiam”, pois nas horas de folga eram pescadores de homens, apresentando o evangelho salvador de Jesus Cristo, o verdadeiro alimento da alma.

Mateus, o publicano, decide largar a sua mesa burocrática, a qual lhe dava uma boa renda, diferentemente de Zaqueu, que era o chefe dos publicanos (Lc 19:1-10). Este, ao receber o mestre de Nazaré em sua casa, converteu-se, e prometeu restituir a todos que havia defraudado, continuando em sua atividade, porém agora, com uma atitude compatível com sua nova realidade religiosa.

Mateus foi também o único que registrou o grande convite: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. (Mat.11.28”).

É possível que ele tenha tido uma experiência de descanso e sossego sem igual, mais do que os outros, que certamente ele nunca o tinha experimentado antes de seu encontro com Jesus. Algo que não tinha encontrado na mesa da renda, apesar de todo lucro que ali obtia.

Mateus encontrou seu Senhor, seu Mestre, seu Salvador, e o seguiu!

Quanto a eu e você, sabemos que o que somos ou seremos, é e sempre será importante para nós, para nossa família e para a sociedade, pois é através de nossa profissão que as maiores qualidades que possuímos são evidenciadas.

No entanto, através dos textos lidos e comparados, percebemos que Jesus está realmente interessado em mim e em você como HOMEM, como MULHER, no sentido mais humano que podemos dar para esta referência.

Jesus deseja que eu e você façamos uso pleno de todos os nossos dons naturais em sua obra, portanto, se você é um excelente skatista, surfista, ginasta, quem sabe um exemplo em matemática, física ou português, ou ainda um médico ou uma médica como Lucas... Deus sabe que isto é muito importante para você.

E você? Sabe que isto é importante? Sabe que é tão importante, que não deve ser guardado apenas para você?

Um dos maiores fabricantes de veículos, através de sua equipe técnica foi o inventor do freio ABS.

Todos sabem o que é isto?

Freio ABS é um sistema inteligente de frenagem, o qual não permite que as rodas travem no momento de se pisar no freio, fazendo com que na chuva, ele seja acionado gradativamente evitando a derrapagem e consequentemente o acidente, poupando assim muitas vidas.

Certo dia, o proprietário presidente desta empresa convocou as demais montadoras de veículos, a impressa, e mostrou sua descoberta, liberando e permitindo o uso do ABS pelas concorrentes.

Questionado por um dos repórteres, que alegava ser inconcebível entregar assim uma invenção tão importante, que poderia fazer com que sua empresa ficasse ainda mais rica, vendendo tal produto às demais, ele deu a seguinte resposta:

“ Há certas coisas que não são mais importantes do que a vida humana”.

Certamente ele entendera que o número de vidas que seriam poupadas em função da descoberta significava muito mais do que alguns milhões de dólares somados aos já existentes em seu cofre.

Você já se deu conta de que todo DOM, quando colocado nas mãos deste Jesus se torna muito mais eficiente e relevante, através de uma atitude prática?

Você já se imaginou sendo “O” instrumento certo, na hora certa, usado por Jesus para levar um menino de rua a perceber que há esperança?

Ou através de seus dons naturais, alcançar aquele amigo de escola, considerado “o filhinho do papai”, e que normalmente pensamos que não necessita de nada, mas que em geral leva uma vida vazia, sem Jesus?

Vemos então que não importa sua profissão. Se você é cabeludo, careca, usa piercing, brinco, se é “mauricinho” ou “patricinha”, Deus está chamando você, como HOMEM ou MULHER que é.

Foi assim com Levi, o Mateus, que era filho de Alfeu e publicano, mas, que foi chamado como HOMEM, e como HOMEM seguiu a Jesus.

Precisamos cuidar com nosso julgamento em relação à possibilidade de mudança de vida de uma pessoa independente do pai que possui, ou em que trabalha, mesmos aqueles com cargos eletivos, cujas práticas não são adequadas.

Devemos lembrar que quando Deus chama, ele transforma.

Isto nos remete a João Batista, quando foi indagado pelos publicanos sobre como deveriam proceder e recomendou-lhes que “não tomassem das pessoas além do que lhes estava ordenado recolher” (Lc 3:12-13). Ou seja, o problema não estava na atividade profissional que exerciam, mas na atitude inadequada diante da oportunidade de enriquecimento ilícito, através da extorsão.

Tendo em mente tudo o que foi analisado acima, permaneçamos como HOMENS e MULHERES que somos com nossos ouvidos atentos ao autêntico chamado de Jesus.

Exerçamos nossas atividades profissionais com a dignidade que Jesus espera de cada um de nós.

Façamos dela um meio de colocar em prática nossos Dons a serviço de nosso próximo.

Reflitamos a imagem de Cristo em nossas atitudes de tal forma que sejamos IDENTIFICADOS como sendo mais do que filhos de “alguém”... mais do que nossa “ocupação diária”... mas que sejamos identificados como HOMENS e MULHERES feitos à sua imagem e semelhança!

LEMBREMOS! SER DE JESUS É TAMBÉM UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE!

2 comentários:

  1. Excelente. Entendemos claramente como somos tratados com individualidade por Deus. Essa individualidade que compreendemos ao entrar no olhar dos apóstolos, percebendo que uma mesma obra é realizada por diferentes culturas, visões e pessoas. E durante essa obra somos transformados "Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo," (Efésios 4 : 13). Ai sim, quando todos seremos com nossas particularidades, iguais.

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