Todo ano é a mesma coisa.
Pais orgulhosos por verem seus
filhos iniciarem o ano letivo, especialmente os de ensino fundamental, afinal
de contas, desejam o melhor para eles e o conhecimento é o melhor caminho.
Pais que olham por sobre o muro o
caminhar dos filhos até as salas de aula, certos de que a escola é o melhor
local para fortalecer as teorias do conhecimento e educação, já que a prática em
si se dá fora deles.
Para que servem então os muros
das escolas?
Observação intrigante esta!
Se considerarmos que pais e mães
entendem o papel da escola na educação de seus filhos como sendo essencial, o
que motiva muitos desses a não colaborarem de forma significativa neste
processo com seus próprios exemplos?
Poderiam começar pela
demonstração de cidadania!
A bíblia, livro sagrado utilizado
por muitas religiões cristãs espalhadas pelo mundo, mostra em uma de suas
passagens, no livro de Provérbios (22:6), algo interessante a este respeito,
evidenciando a responsabilidade dos pais como exemplos na formação de seus
filhos, ela diz:
Provérbios
22;6
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,
ainda quando for velho, não se desviará dele”
O problema aqui, talvez esteja no
fato de que em geral as pessoas relacionam esse provérbio às questões
espirituais, esquecendo-se de que ele deve ser entendido como sendo uma verdade
que abrange toda a formação do caráter das crianças, o qual refletirá naturalmente
quando ela estiver inserida no contexto social.
Sendo assim, fica subentendido a necessidade dos pais serem os primeiros
mestres para suas crianças no que diz respeito às questões básicas deste
convívio, os quais serão reforçados em sala de aula através dos professores.
No entanto, todo início de ano
letivo, do lado de fora do muro da escola observamos uma realidade bem
diferente.
Pais transbordando de alegria,
mas, displicentes quanto ao seu papel.
Não fazem uso de cinto de
segurança e não os utilizam em seus filhos, estacionam em todo e qualquer lugar
proibido desde que lhes sejam convenientes; na contra mão para ficar bem em
frente ao portão; em locais reservados para portadores de deficiência e idosos; porém o mais procurado é o reservado
para o transporte escolar e de preferência se nele estiver indicado os horários
de proibição.
Filas duplas e estacionamento em
cima das calçadas para que eles possam satisfazer os desejos de seus filhos no
pipoqueiro, pentearem seus cabelos; ou mesmo leva-los até a sala de aula é
muito comum.
Ignoram o fato de que locais para
embarque e desembarque de estudantes não é sinônimo de estacionamento.
Esquecem-se de que seus filhos não são os únicos no mundo estudantil, e que muitos
outros ainda chegarão.
Para alguns pais, parece que a tão
almejada educação de seus filhos está apenas dos muros da escola para dentro
dela.
Por outro lado, se compreendermos
que a maior e melhor escola para as crianças é seu próprio lar, tenho medo de
tentar descrever como estão muitos deles.
E vou além, pois pior do que observar
alguns pais agindo desta forma é observar professores, professoras e até
diretores e diretoras estacionarem seus carros embaixo das placas indicadoras
de local específico para transporte escolar.
Professores que enquanto ensinam
suas matérias deixam de lado suas características naturais de formadores de
opinião e perdem a oportunidade de darem o exemplo de cidadania, respeitando as
leis de trânsito.
Professores e professoras que,
além disso, também são pais... e agora... o que pensar... o que esperar desse
desrespeito generalizado?
A individualidade e o egoísmo
estão sendo impostos a estas crianças de uma maneira tão sutil que nem pais e
nem professores conseguem se dar conta disso.
Alguns serão médicos, engenheiros,
funcionários públicos e até professores, mas criados como se fossem o centro de
tudo, iguaizinhos aos seus pais, que agem como se o mundo girassem em torno
deles, sempre certos, estando o resto das pessoas erradas.
Diante de tudo isso, qual você
acha que será o comportamento desses futuros cidadãos?
Creio que há algum tempo muitos
dos pais deixaram de ser os pais que os filhos precisam.
Pais que precisam deixar de ver o
Muro da Escola como sendo apenas uma forma de trazer segurança para nossas
crianças e passarem a enxergar nele um Portão.
Portão esse que ao ser ultrapassado
por uma criança se torna simbolicamente o elo que une aquilo que se aprendeu do
lado de fora com o que se aprenderá do lado de dento.
Precisamos então fazer com que
tanto dentro quanto fora desse muro a LUZ DA EDUCAÇÃO seja o reflexo maior dos membros
da comunidade em que vivemos, nos levando a entender que nossos deveres devem
sempre se sobrepor aos nossos direitos.
Para isso, precisamos acabar com
a idéia de que o muro da escola é apenas uma linha divisória
ENTRE A TEORIA E A
PRÁTICA.