quinta-feira, 31 de maio de 2012

ESCOLA – ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA


Todo ano é a mesma coisa.
Pais orgulhosos por verem seus filhos iniciarem o ano letivo, especialmente os de ensino fundamental, afinal de contas, desejam o melhor para eles e o conhecimento é o melhor caminho.

Pais que olham por sobre o muro o caminhar dos filhos até as salas de aula, certos de que a escola é o melhor local para fortalecer as teorias do conhecimento e educação, já que a prática em si se dá fora deles.

Para que servem então os muros das escolas?
Observação intrigante esta!

Se considerarmos que pais e mães entendem o papel da escola na educação de seus filhos como sendo essencial, o que motiva muitos desses a não colaborarem de forma significativa neste processo com seus próprios exemplos?
Poderiam começar pela demonstração de cidadania!

A bíblia, livro sagrado utilizado por muitas religiões cristãs espalhadas pelo mundo, mostra em uma de suas passagens, no livro de Provérbios (22:6), algo interessante a este respeito, evidenciando a responsabilidade dos pais como exemplos na formação de seus filhos, ela diz:

Provérbios 22;6 
Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele 

O problema aqui, talvez esteja no fato de que em geral as pessoas relacionam esse provérbio às questões espirituais, esquecendo-se de que ele deve ser entendido como sendo uma verdade que abrange toda a formação do caráter das crianças, o qual refletirá naturalmente quando ela estiver inserida no contexto social.

Sendo assim, fica subentendido a  necessidade dos pais serem os primeiros mestres para suas crianças no que diz respeito às questões básicas deste convívio, os quais serão reforçados em sala de aula através dos professores.

No entanto, todo início de ano letivo, do lado de fora do muro da escola observamos uma realidade bem diferente. 
Pais transbordando de alegria, mas, displicentes quanto ao seu papel.

Não fazem uso de cinto de segurança e não os utilizam em seus filhos, estacionam em todo e qualquer lugar proibido desde que lhes sejam convenientes; na contra mão para ficar bem em frente ao portão; em locais reservados para portadores de deficiência e  idosos; porém o mais procurado é o reservado para o transporte escolar e de preferência se nele estiver indicado os horários de proibição.

Filas duplas e estacionamento em cima das calçadas para que eles possam satisfazer os desejos de seus filhos no pipoqueiro, pentearem seus cabelos; ou mesmo leva-los até a sala de aula é muito comum.

Ignoram o fato de que locais para embarque e desembarque de estudantes não é sinônimo de estacionamento. Esquecem-se de que seus filhos não são os únicos no mundo estudantil, e que muitos outros ainda chegarão.

Para alguns pais, parece que a tão almejada educação de seus filhos está apenas dos muros da escola para dentro dela.
Por outro lado, se compreendermos que a maior e melhor escola para as crianças é seu próprio lar, tenho medo de tentar descrever como estão muitos deles.

E vou além, pois pior do que observar alguns pais agindo desta forma é observar professores, professoras e até diretores e diretoras estacionarem seus carros embaixo das placas indicadoras de local específico para transporte escolar.
Professores que enquanto ensinam suas matérias deixam de lado suas características naturais de formadores de opinião e perdem a oportunidade de darem o exemplo de cidadania, respeitando as leis de trânsito.
Professores e professoras que, além disso, também são pais... e agora... o que pensar... o que esperar desse desrespeito generalizado?
A individualidade e o egoísmo estão sendo impostos a estas crianças de uma maneira tão sutil que nem pais e nem professores conseguem se dar conta disso.

Alguns serão médicos, engenheiros, funcionários públicos e até professores, mas criados como se fossem o centro de tudo, iguaizinhos aos seus pais, que agem como se o mundo girassem em torno deles, sempre certos, estando o resto das pessoas erradas.

Diante de tudo isso, qual você acha que será o comportamento desses futuros cidadãos?

Creio que há algum tempo muitos dos pais deixaram de ser os pais que os filhos precisam.

Pais que precisam deixar de ver o Muro da Escola como sendo apenas uma forma de trazer segurança para nossas crianças e passarem a enxergar nele um Portão.

Portão esse que ao ser ultrapassado por uma criança se torna simbolicamente o elo que une aquilo que se aprendeu do lado de fora com o que se aprenderá do lado de dento.

Precisamos então fazer com que tanto dentro quanto fora desse muro a LUZ DA EDUCAÇÃO seja o reflexo maior dos membros da comunidade em que vivemos, nos levando a entender que nossos deveres devem sempre se sobrepor aos nossos direitos.
Para isso, precisamos acabar com a idéia de que o muro da escola é apenas uma linha divisória 

                                            ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA.